7 de junho de 2011

Obrigado, Ronaldo!

Hoje um dos maiores casos de triângulos amorosos acabará com um apito. Pelo menos nos gramados famosos do mundo futebolístico. Ronaldo, bola e rede. Os três juntos são sinônimo de gol, de euforia. Um amor incondicional, visível até para os que não são amantes do futebol. Não sei bem se é um triângulo, está mais para círculo amoroso. Amor mútuo entre bola e Ronaldo, entre bola e rede. Um carinho quase maternal desde 1993, quando Ronaldo, foi entregue ao esporte bretão. Como se o cadarço da sua chuteira fosse uma espécie de cordão umbilical que liga o craque a mãe. A bola. Bola de papel, de meia, de couro, de capotão, de material sintético, não importa. Todas mães não são iguais? Pois é, todas bolas são iguais. Elas adoravam ser tocadas pelo Fenômeno. Assim como as redes adoravam estufar com as bolas que saíam dos pés de Ronaldo.
É apenas um texto de um apaixonado por futebol, por bom futebol. Quem não gosta desse esporte pode não entender a grandeza do dia de hoje. Não é apenas mais um jogador pendurando a chuteira. Não é apenas mais um que se aposenta com o bolso cheio de dinheiro que ganhou em um esporte em que 22 sujeitos correm atrás de um objeto esférico. Não. É a encarnação de um brasileiro que saiu da favela como muitos outros nesse esporte, mas que conquistou o respeito do mundo, e levou com humildade o nome do Brasil para os que não acreditam nesse país. É a realização da esperança nos jovens que se veem nesse ídolo. Ídolos que o Brasil tanto sente falta. É a perseverança que se mostra mesmo depois de quase todos dizerem que você está acabado. Mesmo após oito cirurgias.
Há um lance apoteótico que traduz toda capacidade desse homem. O primeiro gol na final da Copa de 2002. Ronaldo perde a bola em um lance de perigo para o Brasil, quase tropeça e o zagueiro alemão tira, ele fica no chão. Não o tempo suficiente para mostrar que estava certo quem dizia que ele estava acabado. "Num tapa", como diria meu avô, ele se levanta, corre em direção a sua amada, a toma do zagueiro e entrega para Rivaldo. Este sem titubear ajeita com a esquerda e bate. Kahn, o "jogador da Copa", o grande trunfo da Alemanha, bate roupa na linguagem do futebol e por um instante a bola fica orfã em frente ao gol. Primeiro esperando um contato para depois enfim encontrar a rede. O Fenômeno que a pouco caía, agora empurrava com carinho sua amada para o gol. Do chão à apoteose, como dito. Rrrrrrrrrronaldo gritou o Brasil.
Ele ainda me deu o prazer de vê-lo jogar em campos brasileiros, no meu time, marcando gols inesquecíveis que contarei aos meus netos em algum domingo, em uma final de Copa.
Hoje, o maior artilheiro das Copas, será recepcionado no Pantheon do futebol por outros gênios: Pelé, Maradona, Zico, Zidane, Garrincha, Di Stéfano, Puskas, Yashin, Cruijff, Beckenbauer...
Quando o apito soar só poderei agradecer por ter visto um dos maiores de todos os tempos. Suas arrancadas, dribles, chutes e passes ainda estão em nossas retinas, mas principalmente, não esqueceremos de como ele caía e se levantava. 
Segue o jogo.
Obrigado, Ronaldo! Obrigado, Ronaldinho! Obrigado, Fenômeno! Obrigado, gordo!

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